Desde a alimentação ao estilo de vida, em Riba de Mouro é tudo muito mais sustentável. Neste âmbito, em muito contribuem a criação própria de animais e a sua utilização em diversos fins, bem como, o aproveitamento dos restos de comida e de materiais, o que reduz, consideravelmente, ou anula qualquer desperdício.
Para não falar do espírito de comunidade que se sente e vive, quando as atividades ou situações pressupõe cooperação, entreajuda ou solidariedade. Os tempos mudaram, mas os ensinamentos intemporais do “saber fazer” e “bem receber” continuam bem espelhados no vasto leque de experiências que poderá viver “lá em riba”.
Por ser uma freguesia de montanha, com atividades maioritariamente ligadas à agricultura, Riba de Mouro apresenta receitas únicas, quase totalmente elaboradas com o que a terra proporciona, que, dado o elevado poder nutritivo e energético, ajudam a aguentar o frio, calor e trabalho. Os pratos apresentam particularidades muito curiosas, tanto na confeção, como no contexto em que são preparadas, e como não, no vocabulário.
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Às 6h00 da manhã, acende-se o forno, “quenta-xe ben quentado” e, por volta das 9h00, mete-se o “cabirto” com o arroz por baixo e as batatas ao lado. Antigamente, fazia-se o “afogado” ou “abafado”, que era assar as batatas com as partes menos comestíveis do animal: pescoço, cabeça, etc. Também ainda há quem encha o cabrito com o refogado de miúdos picados. Depois, tapa-se o forno, que deve ficar bem selado com bosta de vaca, e espera-se.
“Bira-xe a xantos, cando botam os foguetes”.(¹) Um pouco antes da hora do “jentar”, abre-se a porta ao forno para arrefecer um bocado e depois “ê xó botar pra baixo”.
Embora alguns hábitos se tenham perdido, cá por riba ainda há quem continue a seguir à risca cada um destes passos.
(¹) Como o cabrito era prato de dia de festa, a dona da casa sabia que estava na hora de o virar quando ouvia dois foguetes, o que significava que a missa estava a Santos, ou seja, mais ou menos a meio e, como tal, a melhor altura.
Lá Riba, domingo gordo sem “butcho” não é domingo gordo. Trata-se de uma receita oriunda das freguesias de montanha de Melgaço e Monção (Riba de Mouro), embora exista, também, em algumas zonas da Galiza, onde tem nomes distintos e algumas diferenças no que toca aos ingredientes.
Chama-se bucho porque, antigamente, fazia-se no bucho (estômago) do porco ou na bexiga. Havia, também, quem o fizesse, e continue a fazer, num pano de linho, embora, agora, se use mais um saco plástico – bastante menos ecológico, mas muito prático.
Hoje, é sobremesa em qualquer casa, mas, segundo se conta, antigamente era um doce que apenas os mais abastados se podiam dar ao luxo de fazer, e por diferentes razões: os mais pobres usavam os ovos como moeda de troca – para comprar leite ou outros bens essenciais – e, além disso, o açúcar era tão raro e tão caro que só os mais ricos podiam ter o suficiente para fazer o “butcho” (que leva uma grande quantidade); o pão de trigo também só os mais abastados o podiam comprar, já que na maioria das casas apenas se comia broa.
Embora atualmente se faça em qualquer altura do ano, começou por ser um doce típico do Entrudo (domingo e terça-feira gorda), porque leva água de cozer das carnes de porco nesses dias (água gorda). Contudo, e apesar de agora se comer quando apetece, no Entrudo continua a cumprir-se a tradição e não há casa, em Riba de Mouro, que o não faça.
Ingredientes:
2 peças (baguetes grandes) de trigo (da véspera)
18 ovos
canela q.b.
18 colheres de sopa de açúcar
açafrão q.b.
água gorda (1 concha pequena)
Preparação:
Desfaz-se muito bem o pão numa caçarola, em pedaços muito pequeninos
Batem-se os ovos, com o açúcar e a canela, e junta-se-lhe o pão desfeito, uma pitada de açafrão e a água gorda
Mexe-se muito bem (pode mesmo passar-se a batedeira) e deixa-se a mistura a repousar, cerca de 10 minutos, para que o pão absorva todos os ingredientes
Deita-se o preparado num saco plástico transparente (que não deve ter qualquer furo) e coloca-se esse saco dentro de outro equivalente.por fim, dentro de uma saca plástica resistente. Todos os sacos devem ser muito bem apertados sem deixar qualquer folga.
Vai a cozer em banho-maria durante, mais ou menos, 2 horas
São muito os registos invernais que, ao longos dos anos, relatam episódios épicos de queda de neve, em Riba de Mouro. De tal forma que, sempre que a neve bate à porta de Riba de Mouro, é costume ouvir os ribamourenses dizer: “Câ en Riba, neba à moda antiga”.
Com o manto branco, a montanha fica coberta e a paisagem adquire um cenário bucólico ímpar. Caminha-se sob a queda de flocos, a sentir o som da neve debaixo dos pés e com a possibilidade de ver não só o povo a encarar as temperaturas baixas, como também, de observar as vacas, os cavalos e os rebanhos de ovelhas à solta, sem temor ao frio.
Uma experiência simplesmente imperdível, a viver neste cantinho perto do céu.
A farinha milha, a mastura, o fermento da fornada anterior, uma suadela para amassar, três horas para levedar, o forno (de pedra) bem aquecido e tapado com bosta, duas horas a cozer e parece estar lançado o segredo para “uha boua fornada de pon”. Mas não chega!
Logo, depois de amassar, prepara-se a massa para levedar. Quando estiver devidamente amanhada, faz-se-lhe uma cruz com a mão, enquanto se reza:
“Xan Mamêde te lebêde, Xan Bicente t’acrecente, Xan Joan te faça pão, Deus noxo Xinhor te ajude, que eu já te fiz tudo que pude. Por a graça de Deus e da Birge Maria, um Padre Noxo e uha Abe Maria.”
Mesmo que o processo tenha sofrido alterações, ao longo dos tempos, em algumas das poucas casas onde ainda se faz broa cá por Riba, a reza não pode faltar.
Em Riba de Mouro, o Geocaching foi implementado sob uma ótica inovadora e envolvente, no sentido de permitir aos visitantes a exploração da aldeia. Trata-se de uma atividade que consiste numa “caça ao tesouro” moderna, onde os participantes utilizam coordenadas GPS para encontrar caches (pequenos recipientes escondidos), seguindo pistas e desafios. Esta atividade permite uma descoberta interativa e divertida, incentivando os visitantes a explorar lugares de interesse.
Além disso, oferece a oportunidade de conhecer as várias capelas da aldeia, de uma forma diferente, revelando o quanto estas podem oferecer em termos de património e história local. Cada visitante pode, ainda, decidir como deseja realizar essa exploração – de carro, bicicleta ou a pé, ajustando a experiência ao seu ritmo e preferências.
Com o Geocaching, a aldeia torna-se acessível e envolvente, promovendo uma ligação mais íntima entre os visitantes e a cultura local.